Lá fora!
29 de Agosto de 2016
06:15

E assim foi, acordei no sábado antes do despertador e sentia-me outra! Ia ser um dia especial, pois estava nos planos ir até à cidade encontrar-me com uma portuguesa, que também está cá a fazer voluntariado.
O pequeno-almoço foram umas bolachas a bordo do tuktuk.
Encontrei a Margarida à entrada do Royal Palace e juntas seguimos para uma longa procura de uma agência de viagens onde pudéssemos extender o visto. Com o calor a ganhar terreno e a inexperiência no assunto, acabámos por desistir e a Margarida pediu ajuda ao João.
O João é um português que está no Camboja a trabalhar e a Margarida tem o contacto dele porque é filho de uns amigos dos pais dela.
Daí até darmos por nós a aceitar um convite para almoçar em casa dele, foram segundos! Como era bom ouvir um nome tão português!
Recebeu-nos à entrada de um mini mercado com um saco de cervejas cambojanas, agradecendo à senhora com um “orkun mama”, relevando desde o primeiro momento um enorme à vontade e integração na zona.
Não tardou muito já tínhamos o quarto português a juntar-se a nós, o Daniel, que é um amigo do João e veio com ele para o Camboja.
Eles são os dois professores universitários e vivem aqui no Camboja há dois anos, com os seus apartamentos e estilos de vida tranquilos, encontrando um conceito diferente de bem estar, em cada esquina da cidade.
O almoço foi incrível, depois da comida da escola tudo o que tivesse um toque português já era uma refeição dos deuses! Frango churrasco, pimentos assados na brasa com azeite português e alho... o que podíamos pedir mais? Aquilo que seria um prato normal era agora um verdadeiro caminho para o paraíso!
Depois do almoço fomos conhecer a cidade, nas motas do João e do Daniel.
Phnom Penh é uma cidade cheia de vida, com enormes contrastes sociais e muita... muita confusão de trânsito!
Bebemos um cocktail num bar à beira rio, apesar de debaixo de uma chuva tremenda estava um calor ainda maior e o ambiente permanecia tranquilo!
Eu e a Margarida estávamos felicíssimas por tudo o que estava a acontecer, por sermos tão bem recebidas por pessoas que nos conheciam há poucas horas. Era um misto de emoções muito boas e sentiam-nos ainda a interiorizar onde estávamos e a absorver uma cultura tão diferente. Por outro lado, também o Daniel e o João estavam felizes por este novo grupo de quatro amigos portugueses, tão inesperado.
Relembraram como é bom beber uma cerveja ao som de Rui Veloso e outros bons artistas. Foi curioso ouvi-los dizer que se não fossemos nós, eles nem ouviam as nossas músicas e não tardou até andarmos os quatro a cantar Xutos e Pontapés pela casa, enquanto já preparávamos o jantar!
Avisei a escola que ficaria naquela noite de sábado pela cidade e fiquei com a Margarida em casa do Daniel, que nos cedeu a sua cama enquanto ele dormiu no chão.
Acabámos a beber um vinho tinto na varanda, à boa maneira portuguesa!
Com um final de dia assim, o início do seguinte só podia continuar a bom ritmo - depois de um pequeno almoço com pão e café, almoçámos num bar da cidade.
Era hora de regressar à escola mas não sem antes passar num "super"mercado para comprar químicos que me ajudassem a ver livre das baratas que não tinham convite para entrar, naquele que era agora o quarto que me ia acolher por 4 semanas. O Daniel levou-nos até lá e a Margarida também aproveitou para fazer uma pesquisa da gama de produtos quilhe pudessem servir de uma forma... "ocidental". Não encontro lixívia em lado nenhum mas encontrei outras coisas e... veneno para baratas ahah - agora é que é.
Fazendo a retrospectiva do que o fim‑de‑semana me deu: muita água de cana de açúcar, comidinha boa, companhia ainda melhor, muita coragem para enfrentar uma semana cheia de coisas novas e claro, muita felicidade!
Depois de chegar à escola e ainda antes de ir dormir, limpei tudo à minha maneira. Foi esta a forma que arranjei de criar a minha zona de conforto, visto que ia passar por ali os próximos tempos, sozinha e longe do conforto a que estava habituada.
Estava assim tudo a postos para encerrar a semana e começar uma novo com novos desafios, eu já era outra - mais forte e com as convicções mais definidas. Banho de água fria já com luz eléctrica e cama... O dia seguinte esperava-me.