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Não há coincidências.

28 Setembro 2016 - 18:43h

Tailândia Escrevo sentada no barco que me separa de da ilha Phi Phi. Vamos a rasgar as ondas e é difícil escrever. Estou sozinha a olhar para a vista. É lindo. A missão de viver um paraíso destes sozinha ainda parecia estar longe do fim mas o tempo voa e o próximo destino já espera por mim! Por saber a tão pouco posso dizer com toda a segurança que voltarei a viver uma experiência destas, viajar sozinha e sem duvida um desafio que nos coloca na linha da frente para assistir ao espetáculo da vida - Só eu. Sem nenhuma influência. O mais autêntico possível. Tentando desprender-me de todas as teorias adquiridas sobre a vida, teorias criadas por pessoas não mais importantes do que eu. É muito triste ver a vida de forma superficial. É muito bom exteriorizar os sentimentos, mas mais importante do que isso é preciso percebe-los e aprender a geri-los... A isto, chamam os conhecedores, de inteligência emocional. Estou a aprender que sem margem para dúvida, o auto-conhecimento é o caminho mais directo para chegar a uma vida mais completa, serena e feliz. Conheci pessoas interessantíssimas, que levam a vida de forma descontraída, fazendo o que amam, despidos de tudo o que este mundo tem, que nos faz ser menos - menos corajosos, menos capazes, menos nós. Experimentei coisas que estavam longe de ser planeadas! Fiz mergulho pela primeira vez, nadei sozinha na madrugada de uma praia tão deserta quanto paradisíaca, aluguei um quarto só para mim com vista para o mar azul turquesa e nunca me senti tão bem sozinha! Nem mesmo nas vezes em que, em Portugal, fui sozinha aos concertos de fado, ao cinema, a peças de teatro... Enfim, foi preciso perder-me algures no outro lado do mundo para me conseguir encontrar e este é o meu maior clichê! Tiro os olhos da escrita e perco-me na paisagem! Como diz o meu pai, é tão bom sair de casa!

Saí do hotel na sexta-feira de manhã para comprar um bilhete e ir às ilhas aqui perto. Sem expectativas nenhumas e sem ter uma ideia do cenário do filme do Di Caprio, cheguei a Maya Beach. "Why war? " - foi a pergunta que ouvi quando chegámos saímos da floresta e fomos surpreendidos por esta praia mágica. Parecia um filme. Uma energia indescritível e um cenário a perder de vista! Se não é ali o paraíso, então onde será? Não é de admirar que as histórias que remontam há séculos atrás se baseiem em deusas do mar à espera dos navegadores! Pudéssemos nós imaginar como seria este planeta quando o Homem ainda não estava a acordar para destruir o que há de melhor nele... [Acabei de relembrar, pela primeira vez em muito tempo, que antes de entrar na universidade cheguei a dizer que gostava de ir para biologia marinha. Não sei como é que me esqueci disto e estou até surpreendida por me lembrar agora! Depois de entrar em Engenharia e Gestão Industrial, acho que deixei tudo para trás e foquei-me num futuro diferente. Estava a pensar no Yoann, o francês que conheci há uns dias, no facto de ele ter estudado Business e agora estar a trabalhar numa escola de mergulho. O mais fantástico é que não são só palavras bonitas quando se diz que podemos ser tudo o que quisermos! Por agora sei que quero muito acabar o curso e ver-me livre de um monte de pessoas comandadas pela lei do conhecimento artificial, esperando ter sempre coragem para resistir à força da corrente que move tudo isso. É mais um desafio que enfrento, por mim e pelos meus pais, a quem devo tudo.]

Bem, depois do barco, cheguei à entrada da Van que me levaria ao aeroporto de Krabi, sentei-me ao lado de um rapaz que também tinha o aeroporto como destino e houve desde logo uma mútua boa energia, sorrimos como se nos conhecêssemos há mais tempo e ainda nem uma palavra tínhamos dito! A barafustar contra o vendedor dos bilhetes, entrei na Van e soltei um riso apoiado pelo Kamil - Polaco a trabalhar na Noruega e a viajar há 6 meses, vai voltar hoje (dia 17) para começar dentro de 5 dias um segundo curso e assim voltar para a universidade para estudar o que realmente gosta de aprender, zoologia. Descobrimos que afinal tínhamos ambos Bangkok como destino e não nos separámos mais, até porque descobrimos que os dois tínhamos bilhetes para exactamente o mesmo voo. Aqui, nestas viagens, não há coincidências. Almoçámos juntos no aeroporto, conversámos por horas e quanto mais histórias das nossas viagens contávamos, mais a certeza tinha de que estava em óptima companhia. Sem eu ver, tirou-me uma fotografia polaroid e ofereceu-ma para eu guardar no meu diário de bordo. O Kamil é uma excelente pessoa, um rapaz que se mostra ser de extrema sensibilidade, muito gentil e que sabe conversar como ninguém! Tem a idade da minha irmã mas uma experiência de vida incrível, que faz dele um ser humano interessante de conhecer!

Kamil, 2016 Mostrou-me o diário de bordo que era de certeza muito bom, mesmo eu não percebendo nada do que estava escrito. O passaporte dele era qualquer coisa inspiradora, carimbado pelos quatro cantos do mundo. As histórias dele são tão fascinantes que é impossível não ficar com brilho nos olhos, desde dormir numa tenda durante a noite no meio da muralha da China até ganhar um concurso e viver uma aventura na neve puxado por uskis, ou passar pelo irão e sentir que era o país mais seguro que conhecia.

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